01 julho, 2005

Estórias do Velho Sábio de Barba Azul - Parte 3

I)
Uma jovem foi ter com o Velho Sábio de barba azul.
- Sábio, por favor, me ajude a escutar e seguir mais a minha intuição.
- Então por que você está aqui? – respondeu o velho.
- Desejo escutar e seguir mais a minha intuição. – disse a jovem.
- Então por que estás aqui? – respondeu mais uma vez o velho.
- Como eu disse antes, desejo sua ajuda para poder escutar e seguir mais a minha intuição.
- Então por que estás aqui? – disse novamente o velho.
Foi quando a jovem compreendeu e saiu feliz.

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Estórias do Velho Sábio de Barba Azul - Parte 2

II)
Um jovem foi ter com o Velho Sábio de barba azul. Queria que este lhe ajudasse a compreender o mundo. Ao chegar próximo da cabana do velho, encontrou este participando levemente de uma divertida partida de futebol com outros velhos da região.
O jovem ficou surpreso com o que viu. Esperava encontrar o velho sábio sentado em posição de lótus, pronto para lhe dar conselhos sábios. Contudo, foi ter assim mesmo com o velho, após o jogo.
- Velho, vim aqui para lhe pedir conselhos, mas me espantei com o que vi. – disse ele ao sábio.
- É mesmo?
- Sim, fiquei apreensivo. Não era o que eu esperava.
O velho então apontou para um limoeiro ali próximo e perguntou:
- O que vês?
- Apenas uma árvore. Por que? – respondeu o jovem.
- Suma daqui! – disse em voz alta o velho. – Quando conseguires me dizer pelo menos trinta outras possibilidades a respeito daquele limoeiro então volte aqui para continuarmos nossa conversa.

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Estórias do Velho Sábio de Barba Azul

III)
Um jovem foi ter com o Velho Sábio de barba azul.
- Velho, estou amando a Liz. Ela também disse que me ama e que quer se casar comigo. Gostaria de um conselho seu para saber como eu devo me portar diante desse amor.
- Eu a vi ontem beijando um outro rapaz. – disse o velho.
- Outro rapaz?! Como ela pôde? Como isso é possível? E ela ainda disse que me amava. Que mentirosa! - reclamou o jovem. – mas eu a amo e não vou desistir dela assim! Por favor, sábio, me ajude então a conquistar ela. Eu a amo! O que eu devo fazer?
- Vá para casa e esqueça ela. – respondeu o velho.
- Esquecer? Como assim? Eu a amo!– retrucou o jovem.
- Por que queres conquistar alguém que não amas? – perguntou o velho.
- Mas eu a amo!
- Como pode amar alguém cuja palavra você dá menos valor do que a de um velho de barba azul?

IV)
O jovem voltou dias depois para ter com o velho novamente sobre este mesmo assunto.
- Sábio, por favor, eu confio nela. Eu a amo. Mas preciso saber se ela realmente estava beijando outro rapaz ou não.
- Suma daqui!

V)
Dias depois o jovem voltou para ter com o velho sábio de barba azul novamente sobre o mesmo assunto.
- Sábio, por que eu não posso saber a verdade?
- Ou você confia nela, ou não confia. A verdade em nada tem a ver.
- Então eu devo confiar nela, acreditar nela, mesmo se for verdade o que o senhor me disse? O amor deve ser realmente cego para ser amor?
- Quanta barbaridade pode falar... – retrucou o velho – O amor não é cego, pelo contrário, é luz, é iluminação, é ver o invisível.
- Então por que eu não posso saber se é verdade ou não que ela estava beijando outro rapaz? E se eu confiar nela e ela de fato beijou outro rapaz? Como eu posso ter a certeza, a confiança, sem saber o que aconteceu de fato?
- Esta vendo aquela xícara? – perguntou o velho apontando para uma velha xícara grande de barro, ao lado de um barril de vinho.
- Sim, estou.
- O que tem dentro dela?
- Vinho.
O velho pegou a xícara e jogou a água que estava dentro dela no rosto do jovem.
- Acorde! – gritou o velho – não percebes que não é possível ver o interior através do exterior? Ou tens a confiança dentro de ti, ou não a tens.

O jovem finalmente compreendeu e saiu feliz.

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