17 janeiro, 2009

A nova era e velhos comportamentos

Eu estou escrevendo um texto com uma breve e possível explicação filosófica sobre porque as vezes parece que a Lei da Atração nem sempre funciona. Contudo, percebi que era necessário primeiro falar um pouco sobre a importância da inserção da filosofia em tantos conceitos e ‘Segredos’ sendo ‘revelados’ atualmente. Até para que fique claro que não sou contra tais textos, conceitos, muito pelo contrário. Sempre adorei livros de auto-ajuda, assuntos relacionados a Nova Era e espiritualidade. Quem me conhece, sabe disso desde criança.

E justamente por gostar tanto de ler (e ouvir) a respeito, estudar, pesquisar, praticar, é que me sinto mais a vontade para fazer críticas a respeito, com intuito de questionar e assim ajudar quem também, como eu, está sempre envolvido nisso tudo.


Pois bem, vou pedir que leia atentamente o texto abaixo:

“Nada equivale ao que a Luz ativa, que hora desperta, hora adormece, faz por nós em momentos tão relevantes de nossas vidas. Sim, pois todos nós temos tais momentos, que para uns poderiam ser mais importantes e para outros menos, mas em todos eles, são relevantes pois são momentos do nosso puro existir. Se faz mister, portanto, entender e compreender que temos poder sobre tal Luz. E o que é este poder? É justamente o de ativa-la e também desativa-la, mediante nossa deliberação interior. Pois a Luz somente poderá fazer algo, com a nossa intenção. É preciso primeiro haver nossa intenção para depois então, realizada nossa ação em prol dela, sermos ajudados por ela mesma, iluminando nosso espaço-tempo atual. O que era escuro, se revelou.”

Qual sua interpretação do texto acima?

Em tempos atuais (leia-se: últimos anos e até décadas) de tantos livros, textos pela Internet sobre Lei da Atração, O Segredo, Seres de outros planetas que vêm a terra para nos ajudar, espíritos que voltam ao nosso plano para chamar nossa atenção, e tantos livros de auto ajuda com uma linguagem pobre de fundamentos, nossa mente acaba sendo envolvida por um ar de que, ‘tudo o que é dito, é verdadeiro’. Se pensarmos que a verdade em parte é relativa, sim, então tudo que é dito, é verdadeiro para si mesmo. Contudo, nem tudo é uma verdade universal. Há uma interpretação nossa dos fatos ditos que muitas vezes é ignorada.

Por isso, volto a perguntar: qual sua interpretação do texto que citei? É um texto sobre a nova era, sobre a Luz Divina, sobre uma Luz que alimenta nossa existência?

Não. É apenas um texto mais incrementado sobre nossa relação e ato de ligar uma lâmpada em um aposento escuro.

Porém, nossa mente habituada a coisas ‘maiores’, de maior ‘magnitude’, tende a querer ler aquilo tudo, não contestar nada, e aceitar como ‘mais uma verdade’ da nova era. Falta uma base no texto que permitiria você argumentar em prol disso. Uma construção com alguns elementos filosóficos. Mesmo que seja a intuição, a sensação de que tudo aquilo diz respeito a uma verdade maior, ainda assim, falta uma pequena base argumentativa e filosófica que explique isso. E o mesmo vale para muitos textos e discursos atuais sobre nova era e espiritualidade.

Sem tal base filosófica e argumentativa mínima, a impressão que se tem é que tudo se torna um texto trazendo uma verdade universal sobre tais conceitos da existência humana, mesmo que seja apenas um texto sobre o uso de lâmpadas, como o acima.

Aliás, uma das explicações para isso é o fato do ser humano, há séculos, tender sempre a querer algo novo em sua vida. Algo inusitado, a pedra que faltava para ele mudar sua vida definitivamente para melhor. A salvação de sua vida com pouco significado (que ele mesmo lhe deu pouco significado, diga-se de passagem).

Algo como: agora que aprendi sobre a lei da atração, então minha vida vai melhorar e eu finalmente serei feliz.

Porém, posso citar, por exemplo, um ensinamento muito antigo, mas sempre atual em importância, que é o de que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. Se as pessoas simplesmente colocassem isso em prática, já seriam muito mais felizes, com uma vida plena de significado, e o mundo seria muito melhor.

Mas qual a graça em falarmos de amar o próximo (e fazermos isso efetivamente) se podemos falar de um poder secreto, que realiza desejos e que fará nossa vida mudar totalmente?? Pois é, o ‘novo e misterioso’ sempre chama mais atenção.

É a nova era... com os velhos comportamentos humanos.


Em tempo: a intenção deste post foi a de ser uma crítica construtiva, pois muitas vezes a gente se deixa levar por tanta coisa legal da nova era, que damos a elas uma dimensão maior do que lhes é própria, e com isso, diminuímos outras que seriam, a priori, mais importantes. Claro que não quero generalizar, mas escrevi neste tom para que pudesse ter maior alcance nas palavras e na idéia a ser debatida.

Em breve vou postar o outro texto, sobre porque as vezes a lei da atração parece não funcionar sempre.

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